quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Chuck, o herói de papel.

Esses dias, em um blog de uma amiga, eu vi uma demonstração de fanatismo sem razão aparente ("they see me trollin..."), e isso me fez pensar quem são os músicos que eu respeito e considero dessa forma.
E eu percebi que não tenho fanatismo por algum músico. Tenho admiração. Eu poderia citar vários: Geddy Lee, David Gilmour, Ian Anderson... mas vou postar falando de um cara que eu aprendi a admirar, não tanto pela música, mas principalmente pela história dele.

Chuck Schuldiner foi um guitarrista virtuoso, conhecido por ser mentor e líder da lendária banda Death, uma das principais bandas de death metal da história, daquelas que ajudam a definir um gênero musical, dada a importância delas. O cara recebeu o apelido de 'pai do death metal', então , no mínimo, o cara era foda.
Ele começou a tocar violão pelos 9 anos, mas parou, achava as aulas chatas. Alguns anos depois, ganhou uma guitarra e um amplificador, e aí começou a gostar. Largou os estudos, pq tb achava chato, lol. Mas se arrependeu disso, já adulto, sabendo que deveria ter uma formação decente. Sem ir para a escola, teve muito tempo livre para aperfeiçoar sua técnica e seu vocal, que aliás, era uma de suas características marcantes, um meio termo entre gutural e grito.
Apesar de tocar death metal, Chuck teve como inspiração bandas como Iron Maiden, Metallica, o movimento NWOBHM e Thrash Metal, entre outros. Apesar da mãe dele afirmar que o filho ouvia de tudo um pouco, exceto country e rap.
Antes de formar o Death, Chuck montou uma banda chamada Mantas (que viria a ser o embrião do Death), e tocou em uma outra chamada Slaughter.

Chuck sempre foi perfeccionista, por isso não era uma das pessoas mais simpáticas do mundo, brigava com membros da banda quando achava que não estavam dando o melhor de si... até que ele começou a trabalhar só com músicos contratados.

No entanto, Chuck foi uma das pessoas fundamentais para o desenvolvimento do death metal. Ele tocava o que gostava, e lutava para continuar tocando, mesmo que fosse um estilo discriminado (como é até hoje).


As letras que ele escrevia para o Death, apesar de violentas, demonstravam uma visão de mundo e da sociedade que era sempre deixada em segundo plano; era uma espécie de bombardeio de verdades nuas e cruas. Criou riffs e solos virtuosos, além de incorporar influências de jazz e rock progressivo, praticamente reinventando o estilo que ele mesmo ajudou a criar.

Em 1999, Chuck descobriu que tinha câncer no cérebro, mas tinha dificuldades financeiras, e o tratamento era caro demais. Felizmente, a operação pôde ser realizada graças ao apoio e donativos de fãs e amigos. Para quem acha que fãs de death metal são porra-loucas sem cérebro, isso foi um belo tapa na cara.

Infelizmente, o câncer voltou em 2001, e novamente, não pode ser internado por falta de recursos. Novamente foi tentado arrecadação de donativos, e também vendas de 2 álbuns de shows ao vivo do Death, para arrecadar dinheiro, mas mesmo assim, não foi suficiente. Chuck morreu em novembro de 2001, chocando a cena do metal mundial.

Nas palavras de Silenoz, do Dimmu Borgir:

“Naquele dia, eu estava andando por aí com um amigo meu quando me ligaram no celular. Não me lembro quem fez a ligação, mas sua voz disse ‘Chuck acabou de morrer’. Parei, sem palavras, enquanto meu celular escorregava da minha mão para dentro da manga da minha jaqueta.

Foi estranho e surreal, já que nunca havia conhecido o cara pessoalmente, mas o impacto em mim foi gigantesco. Sua música sempre foi uma influência para mim, mas não na minha forma de tocar. É algo mais subconsciente. Minha primeira banda costumava tocar covers do Death e eu me lembro de ter morrido de orgulho quando aprendi a tocar todas do jeito certo, já que eu era tão jovem. Às vezes me flagro criando riffs que acho que soam demais como Death e acabo não usando nenhum por motivos óbvios. Acabo mudando para que a idéia pudesse se adaptar ao Dimmu Borgir, como fiz no passado, e no Insidious Disease atualmente.

Não sei o que Chuck acharia de nossa música nos dias de hoje, mas ouvi dizer de um pessoal de um selo que ele gostou muito do disco de 1998 do Dimmu Borgir, Spiritual Black Dimensions. Eu costumava achar Leprosy meu disco favorito do Death, mas atualmente ando empatado entre o Scream Bloody Gore e o Symbolic. Acho que estes dois mostram Chuck em seus pontos mais altos de evolução musical. O Scream… é totalmente cru e direto e Symbolic é totalmente inovador, com sonoridades modernas. E ambos contam com o estilo único de tocar do Chuck. Ainda escuto sua música.”


Chuck viveu, cresceu, compôs e morreu por aquilo em que acreditava: a música. Quando eu vejo bandas que fazem música apenas para vender e ganhar dinheiro, eu fico irritado. Chuck sim era um verdadeiro músico. Ele fazia a música que acreditava, independente de ser bem pago ou não. Ajudou a crescer uma cena totalmente cercada de preconceitos pelo mainstream. Colocou elementos novos, quando essa mesma cena estava estagnada. Morreu por isso, por não receber o que merecia pelo grande som que fez. Ele não era uma pessoa simpática, mas era uma pessoa verdadeira.

Chuck foi um herói, mas acima de tudo, um ser humano. Um herói de papel. Forte, impactante, mas frágil, como qualquer outra pessoa.

“Death Metal, Black Metal, Speed Metal, Thrash Metal. Tire a primeira palavra de todas elas e deixe uma só: Metal!”

Aprendam com ele.

Sei que a maioria não leu esse post gigante. Não importa. Mas eu escrevi de coração.

Até. o/



Fontes:

http://www.wikipedia.org/

http://whiplash.net/


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